MANIFESTO DE PANDORA PARA EMANCIPAÇÃO HUMANA

 “O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim! 

Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir…

É comigo, com o sentido-eu da palavra infinito…”

Álvaro de Campos – Heterônimo de Fernando Pessoa

 

Ao chegar ao fim e atingir os objetivos propostos significa que fomos ao encontro do nosso destino, certo? Não, nada mais errado do que esta afirmativa! Pois que é impossível encontrar o seu “verdadeiro Ser” no final desta jornada evolutiva que aqui vivenciamos neste universo. 

Explico o motivo pelo qual estou afirmando isso. 

No início, quando tudo passou a existir, tudo foi criado a partir daquele que ficou conhecido na mitologia Grega por Caos ou por Brahma de acordo com a Mitologia Hindu. A partir dele, todos que aqui passaram a existir receberam como herança a “doença” que este Criador possuía. E, sendo assim, todos os seres que fazem parte da realidade tanto material como imaterial deste universo, que encontram-se investidos em diversas e variadas formas conscienciais de ser e perceber a realidade que estão inseridos, carregam em si, as dores, os impulsos, o nervosismo, a agitação, a mania de dominação e de absoluto controle que adveio deste Ser que se ver como o Criador de tudo que existe! 

Neste sentido, o que ficou conhecido no mundo como o mito da caixa de Pandora, no qual irei aqui abordar de forma resumida, apresenta a ideia de que motivada pela minha curiosidade, agi de forma imprudente e acabei por abrir algo que não deveria, e, a partir desta atitude leviana e infantil, acabei por libertar diversos males que corromperam ou serviram para destruir os seres humanos. Supostamente, eu, Pandora, havia libertado tais males somente por não conseguir conter a curiosidade em saber o que havia dentro da caixa que eu havia recebido de presente. 

Nada mais errado do que esta premissa. Primeiro porque não sou dada a curiosidades. Segundo, é que, se alguém espalhou a maldade, a maledicência, as doenças, o ódio, a guerra e a desonestidade, não fui eu, foi quem criou a caixa e colocou dentro dela tudo que havia de mais vil e perverso. E, terceiro, quem fez isso, tinha uma finalidade muito bem definida, ou seja, destruir através da corrupção uma nova raça que estava sendo criada por mim e pelos irmãos Titãs Prometeu e Epimeteu. 

Dito isso, volto a dizer, que, aqui neste universo, chegar ao fim é algo impossível! Porque mesmo que este universo um dia chegue a um fim, depois dele, há vida, há outras paragens, existem outras formas de vivenciar o existir sem ser do jeito que agora conhecemos neste universo criado por Caos.

A mim foram atribuídas várias atitudes e comportamentos que a história terrena, por ser dominada e controlada por homens, desvirtuou, adulterou e menosprezou a participação de seres que optaram pela polaridade feminina e que, somente por terem nascido neste género e lutado com todas as suas forças para serem livres, foram humilhadas, perseguidas, torturadas e mortas. Estes seres muito lutaram, deram tudo de si para serem livres! Porém, desde os primórdios, quando alguém tenta ser livre e independente, todos os que possuem em si o germe da dominação, tentam de todas as formas destruir estes que se mostram sedentos da liberdade de existir. Caso não consigam destruí-los, alteram suas histórias pessoais deteriorando sua imagem, ou simplesmente os excluindo da história da criação da Espécie Humana. Assim aconteceu comigo, com Eva, e com tantos outros personagens, tanto masculinos como femininos. Todavia, a história foi mais perversa, sobretudo, com aqueles que possuíam a polaridade feminina, as quais foram diminuídas, menosprezadas ou destruídas moralmente perante a história terrena. 

Em toda a história da humanidade, até mesmo entre os deuses do Olimpo, os seres que ostentavam uma polaridade que era dada a ser minimamente gentil e que tentasse respeitar os outros seres, eram tidos como fracos e eram violentamente massacrados por forças que só viam uma forma de ser e agir: tinham que ser fortes e ter cada vez mais poder para dominar e controlar a todos! Para os fracos, a morte era a única opção. 

Gostaria de falar que a história terrena é fiel a alguns acontecimentos que dizem respeito ao Olimpo e as deusas que lá existiam. Muitas nasciam e eram dominadas por algum ser que exercia o seu poder sobre elas. Entretanto, estas igualmente possuíam poder e também tentavam dominar os que eram mais fracos do que elas. Esta é a doença que todos herdamos do Criador inicial Caos. Para existir, você precisa dominar, usar, manipular os outros seres mais fracos que você! E ainda é assim que na atualidade a humanidade ainda pensa e age. Infelizmente!

Nisso, os seres que eram mais fracos, ou seja, aqueles que apresentavam uma postura mais amena diante da violência e da imposição da força bruta, eram subjugados ou destruídos. Quando eu comecei a querer me libertar do julgo do meu criador, no caso Zeus, este passou a me ver como uma peça do jogo que deveria ser destruída. Depois, fui usada como um presente para enganar, ludibriar e corromper os irmãos Titãs e a sua mais nova criação: os seus animais domésticos que num futuro ainda muito longínquo, iriam vir a se tornar a atual espécie Homo Sapiens Sapiens.

Pelas opções que fiz para mim mesma e pelo papel que eu escolhi efetivar na história do Olimpo, e, inclusive depois, na história da criação da raça humana, fui covardemente perseguida, torturada e humilhada por não mais me submeter as ordens dos seres que eu desprezava e que se intitulavam como os deuses do Olimpo! É o que acontece com aqueles que brigam pela sua independência, com aqueles que se firmam sobre o pedestal da construção do que eles querem ser e não, somente, obedecer aos desígnios de seres que mal sabem o que é produtivo para sua própria evolução e tampouco saberão o que é melhor para outrem!

Na raça Humana depositei os meus melhores propósitos! Estes seres que ainda eram massa de manobra dos deuses, eu e outros seres, lutamos bravamente para que fossem libertados do seu julgo. Mesmo tendo desempenhado um papel tão importante para a humanidade, a história terrena só me colocou no papel daquela que, motivada pela curiosidade, libertou todos os males que acabaram por corromper a raça humana. Novamente devo afirmar: nada mais errado do que isso! Até porque, quem criou os tais males, não fui eu, foi Zeus. Porém, a mim somente foi atribuída esta proeza e sequer sou mencionada pela luta constante que travei e travo até o tempo atual para fazer desta raça, os seres que irão evoluir e acabar com esta criação imperfeita e desprezível.

Muito foi feito. Todavia, mais ainda terá de ser realizado para que, um dia, num futuro ainda muito longínquo, isso tudo chegue ao fim. Contudo, enquanto este fim não chega, muita luta ainda há por ser travada. Nós, – os seres que optamos ao longo de todas as existências que tivemos aqui ou fora da terra -, por permanecer na polaridade feminina, entendíamos que era nesta forma de existir que teríamos a chance de menos nos corromper diante dos objetivos traçados.

Esta Trilogia que agora oferto aos seres terráqueos, é para que os mesmos vejam que muitos personagens lutaram para que vocês fossem livres! Muitos, tanto seres que aqui serão citados, como outros, que sequer serão mencionados, planejaram, manipularam e lutaram para que vocês pudessem pensar por vocês mesmos, que conseguissem agir independente dos seres que, até hoje, tentam controlá-los e manipulá-los.

Não irei aqui, neste momento, falar sobre os dogmas impostos pela religião para mantê-los sobre controle e totalmente submissos. No entanto, gostaria que levassem em consideração o que está sendo revelado nestes dois primeiros livros desta Trilogia. O objetivo é que vocês vejam que muito foi feito para torná-los livres! Que vocês não podem simplesmente renegar ou desprezar o esforço que muitos seres tiveram para que vocês pudessem assim o ser! Não importa quem fez ou agiu neste propósito. O que importa é que vocês entendam que a liberdade de cada um de vocês, ou seja, o pensar e o agir de forma não manipulada por terceiros, é o que de mais precioso vocês possuem. E, portanto, não devem deixar que outros tomem isso de vocês tão facilmente! 

A liberdade para ser o que vocês desejarem ou escolherem é o bem mais precioso e poderoso que qualquer ser humano possui, pois que nem todos os seres que aqui foram criados podem fazer esta escolha, pois alguns são exatamente o que foram criados para serem! Não reneguem este presente que lhes foi dado à custa de muita luta, dor e sofrimento. Esse é o poder que cada um de vocês possui e que ninguém pode lhes tirar: a liberdade de ser e agir conforme a sua vontade pessoal.

Todavia, gostaria de adverti-los que ser livre implica em ser responsável pelas suas atitudes para consigo mesmo e para com os outros. Então, a liberdade deve ser pautada em atitudes nobres e num sentido de ética pessoal que não fira a liberdade alheia. Portanto, não permita que a sua liberdade se torne um instrumento que além de lhe corromper, passe a violentar e destruir outros seres!

Não repitam os mesmos erros dos deuses do passado. 

Aprendam com eles. 

Cuidemos, pois, de agirmos de forma livre, porém, respeitando a liberdade dos outros em poder igualmente exercê-la.

Pandora 

Segundo Livro da Vida de Pandora

o “coquetel de poções” e o ataque do olimpo

 

Autora

Jeane Miranda

Desbrave os textos autorais da escritora Jeane Miranda, conteúdos ricos e altamente valorosos.

2º Congresso Espírita Mundial - Lisboa - 1998