Yel Luzbel – o Anjo Decaído!

Não posso deixar de registrar alguns acontecimentos pessoais relativos aos contatos que tive com um ser que ficou equivocadamente conhecido na humanidade como aquele que, neste mundo, representa a maldade. Muito lhe é atribuído, como a questão de ele ter o poder de corromper e induzir os humanos à prática do mal. Entretanto, eu sempre tive uma sensação diferente com relação a esse personagem. Algo em mim ressoava de modo a sempre pensar nele com uma certa ternura. Acredito que isso pode causar surpresa para aqueles que entendem que Yel Luzbel representa a “parte perversa” que age no mundo – conforme pensam os seguidores do catolicismo e outras religiões. Contudo, apesar de ter tido uma formação católica na infância, mesmo assim, sempre tive rejeição a esse postulado. Algo em mim, não aceitava isso como um fato inquestionável. 

Em um determinado momento da minha vida, tive o primeiro encontro com Yel Luzbel. Assumo que foi determinante para mim, pois, após ele ter ocorrido é que pude perceber o quanto meu espírito sabia sobre a “Rebelião dos Anjos Decaíados”, ainda que, enquanto humana, não conseguisse entender por completo como isso era possível! Tentarei aqui narrar com o máximo de detalhes como aconteceu. 

Estava fazendo meditação quando de repente senti a aproximação de dois seres junto a mim. Respirei profundamente e fiquei esperando para ver o que ia acontecer. Um deles, aproximou-se de mim, enquanto o outro ficou um pouco distante. Assim que ele verificou que eu estava conectada com ele, mentalmente me perguntou: 

— Você tem raiva de Yel Luzbel por ele ter sido o autor do processo que teve, como uma das consequências, o seu nascimento num corpo humano? Sabemos que você tem dificuldade em aceitar o processo encarnatório nos moldes que ele acontece, portanto, queremos saber se você culpa Yel Luzbel por isso?

Mentalmente, assim respondi:

— Não o culpo por nada, e tampouco tenho raiva dele por ter que encarnar em corpos biológicos. 

O ser dirigindo-se novamente a mim, contesta a minha questão: 

— Contudo, foi a partir do que ele fez, que os que morreram em Capela se viram obrigados a encarnar nesse tipo de corpo. Foi ele que disseminou o “vírus” que contaminou a todos e os arrastou até aqui, para este mundo extremamente material. Você não o culpa por ele ter incitado a “revolta” e ter provocado a “queda” dos que aqui, na Terra, ficaram conhecidos como “anjos decaídos”? 

Percebi que o outro ser, que estava distante de mim, ao ouvir essa conversa, se encolhia mais, mostrando-se “envergonhado” – digamos assim – por ouvir aquilo. 

— Não, não tenho raiva e sequer o culpo pelo que aconteceu no sistema de Capela – esclareci. 

— Sei do que você está falando quando se refere à “queda dos anjos decaídos”. Entendo que o que aconteceu foi também por escolha minha. Suponhamos que eu faça parte desses que “caíram” e que, ao tomar contato com os questionamentos de Yel Luzbel, passei a interagir e a pensar como ele, então, devo admitir que também tenho culpa em todo o processo, pois, ao optar por segui-lo, também sou responsável por todos os acontecimentos decorridos em Capela e das consequências advindas desses eventos pregressos. Não o culpo, e tampouco tenho raiva dele. Na verdade, sinto uma sintonia íntima com ele, e penso que somos companheiros de ideal, e como resultado dessa parceria, devemos também dividir a responsabilidade por tudo o que aconteceu. Percebi que o segundo ser se erguia e se achegava a mim, em decorrência dessas minhas palavras – parecia que elas o estavam encorajando a se aproximar de mim. 

O ser, que antes estava falando comigo, dirigiu-se ao outro, e lhe perguntou:

 — Escutou e, principalmente, sentiu a vibração amorosa que vem desta que, no passado, foi sua companheira de desdita? Escutou quando ela disse que, apesar de sofrer com os problemas que todos daqui da Terra enfrentam na vida, ainda assim, ela não o culpa totalmente? Consegue perceber que você pode estar errado nesta percepção de se achar culpado por toda dor e por todo sofrimento que ocorre neste mundo? 

O segundo ser se aproximou mais de mim e me perguntou se eu poderia escrever o que ele viesse a me revelar, e prontamente lhe respondi que sim. Ao ouvir a minha resposta, ele assim se expressou: 

— No futuro, se as condições da sua vida terrena nos permitirem, eu a procurarei com o objetivo de contar, para esta humanidade, a minha versão sobre o que aconteceu no episódio que, na Terra, ficou conhecido como a “Revolta dos Anjos Decaídos”. Até mais, e lhe agradeço por suas palavras e vibrações amorosas. Elas muito me ajudaram. Tempo virá em que conseguirei narrar tudo o que vivi em Capela e de quando aqui cheguei, neste planeta azul. 

Então, os dois seres deram por terminado aquele nosso encontro, e foram embora. 

Nestes escritos, tenho que deixar registrado que sempre tive uma “certeza” interior de que Yel Luzbel não era nada parecido com o “papel” que a história humana resolveu atribuir a ele. Minha formação católica, por exemplo, havia me ensinado a ter medo dele e a saber que ele poderia tramar, o tempo todo, como me levar para o mau caminho. Entretanto, no meu íntimo, eu não aceitava muito bem essas colocações. Inclusive, da mesma maneira que definiram certos seres como trevosos, as religiões também santificaram – após a morte, uma pessoa pode ser canonizada – outros que, atualmente, se encontram na condição de sofredores, na Erraticidade. 

Tenho a convicção que esse ser que ficou conhecido de maneira equivocada entre nós humanos terrestres, tem a sua visão sobre os fatos acontecidos num passado muito longínquo. Acredito firmemente que sua voz também precisa que ser ouvida para que a sua versão, a partir do que ele sentiu e vivenciou, possa mostrar o que aconteceu no sistema de Capela e depois, quando chegou aqui na Terra. Peço aos que, por ventura, estejam lendo este livro, que mantenham o coração e a mente tranquilos, e que ousem se abrir para o novo, independentemente do que lhes foi ensinado, ou imposto – melhor dizendo –, sobre a “Rebelião de Yel Luzbel”. 

É muito importante que o(a) leitor(a) pense por si próprio, analisando os acontecimentos passados a partir de um novo patamar de pensamento, livre de julgamentos e da reprovação que estão somente alicerçados no que nos foi dito pelos nossos pais ou educadores religiosos. Rogo que se libertem desses grilhões e se livrem do medo! Deem-se o direito de pensar por si mesmos! Convido-os a ousarem no que diz respeito à liberdade de pensamento e de reflexão. 

Yel Luzbel – assim é o seu nome cósmico – merece que os humanos da Terra, com senso crítico e uma razão filosófica sem afetação religiosa, principalmente, reflitam sobre a sua versão dos fatos ocorridos nessa “rebelião” – que não foi a única, nesta Obra! A história terrena precisa levar em consideração a sua versão! O objetivo desta narrativa é fazer com que as explicações desse capelino sejam percebidas por uma humanidade mais esclarecida quanto à sua necessária atuação nesta Criação e no “resgate” do Criador “caído” – e tudo isso sem a ocorrência de novas “rebeliões”! Para finalizar, penso que devemos refletir sobre estas revelações com uma certa dose de otimismo, ainda que esse passado longínquo se apresente de maneira complicada diante da nossa sensibilidade humana. 

No entanto, como sempre diz Jan Val Ellam, meu irmão de caminhada no processo da “Revelação Cósmica”, “a vida é o que cada um de nós faz dela” e, por isso, temos a condição pessoal de escolher se queremos ser pacíficos e harmônicos, mesmo que estes assuntos, aqui tratados, possam nos causar medo ou repulsa. 

Somos capazes de amealhar sentimentos de amor e alegria em nossos corações, de modo a tornarmos aprazíveis os nossos dias, e de todos que aqui estão! Vamos a isso! O tempo urge e temos que nos preparar para desempenharmos o papel que nos foi atribuído nesta Criação, ou seja, redimir esta Obra confusa para, finalmente, resgatarmos o Criador “caído”. Que sejamos caminhantes que nunca se detêm! 

 

Jeane Miranda

Escritora e Palestrante

 

                                                           

Jeane Miranda         é escritora da Nova Egrégora e tem formação como mestre em Ciências da Educação, pelo Instituto de Educação da Universidade do Minho em Portugal. Atualmente estuda a Revelação Cósmica desenvolvida por Jan Val Ellam e na medida que seus estudos avançam novos painéis tornam-se disponíveis em seu psiquismo, permitindo a escrita por meio da psicografia de livros narrados por protagonistas que fizeram parte de um passado esquecido pela humanidade terrestre. Ressignificar a história desses personagens, por vezes mal interpretados pela compreensão humana, tem sido a finalidade de suas obras.

 

Autora

Jeane Miranda

Desbrave os textos autorais da escritora Jeane Miranda, conteúdos ricos e altamente valorosos.

2º Congresso Espírita Mundial - Lisboa - 1998